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Linha de Crédito do BAD: Alcides Safeca ainda não autorizou nenhum centavo

Um grupo de supervisores do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) chega a Luanda, em Dezembro, para inspeccionar as modalidades que o Banco de Poupança e Crédito (BPC) está a seguir para o repasse dos 120 milhões de dólares que recebeu há quase um ano, anunciou o organismo.

Depois de várias reclamações das associações empresariais sobre os requisitos de acesso ao financiamento, que incluem um colateral de 20%, o credor pretende questionar, ao detalhe, como a gestão do BPC está a utilizar os recursos. “Para todos os projectos, temos missões de supervisão, onde vêm os ‘task managers’, as pessoas alocadas a cada projecto para supervisão. Iremos descobrir e avaliar tudo”, garantiu a consultora económica do organismo financeiro africano, Elsa Shichilenge.

Quase um ano e vários encontros de esclarecimentos desde que recebeu os fundos, o BPC ainda não desembolsou um dólar dos 120 milhões da primeira tranche. No total, a linha de crédito espera libertar 325 milhões.

Só há duas semanas é que o presidente do conselho de administração do BPC, Alcides Safeca, declarou aberto o processo de solicitação de crédito. Os empresários criticam o atraso que também é contrário à expectativa do BAD. “A expectativa era imediata. Era desejada. Quanto mais cedo os fundos forem repassados, mais cedo beneficia o sector privado, mais cedo tem impacto na sociedade”, avalia Felisberto Mateus, economista sénior da instituição.

Apesar do protesto do empresariado, o representante do organismo em Luanda, Joseph Ribeiro, considera que o processo decorre na “normalidade”. “A linha de crédito do BAD ao Banco BPC está a decorrer com normalidade e será, à semelhança de todas as operações do BAD nos países africanos, objecto de missões de supervisão e coordenação de rotina”, sublinhou.

Felisberto Mateus afastou, para já, a possibilidade de o BAD vir a cancelar a linha de crédito. Para ele, a política do organismo é sempre de “encontrar soluções para mitigar os riscos”. “Nós nunca desejaríamos que esses recursos fossem suspensos. O que vamos fazer é sentar com o BPC, olhar para os problemas e, em conjunto, tentar arranjar soluções”, aponta o economista, para quem o último beneficiário da linha de crédito é a população.

O VALOR sabe que mais bancos angolanos aguardam a formalização para integrar a linha de crédito. Desse grupo, o Banco Angolano de Investimento (BAI) tem o acordo quase fechado.
No contrato assinado entre o BAD e o BPC, através do Ministério das Finanças, ficou estabelecida a criação de um gabinete de análise de risco de impacto ambiental dos projectos que beneficiem dos empréstimos. Questionado se o BPC já cumpriu com a referida condição, Felisberto Mateus remeteu a resposta à administração do BPC. “Não existe a cultura de análise do impacto ambiental no nosso país. O que existe são bancos a pedirem estudo ambiental que é exigido pela lei. Mas nós, o BAD, solicitámos ao BPC para fazer uma análise de risco ambiental dos projectos, que é um bocado diferente que a lei angolana exige”, lembra o técnico angolano no BAD.

De acordo com o portfólio da organização bancária africana, a entidade tem actualmente 769.538.000 de dólares para projectos diversos, precisamente para o sector financeiro, agricultura, água e transportes.

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