Cadetes das FAA na Rússia há nove meses que não recebem complemento de bolsa
Os cadetes das Forças Armadas Angolanas, a estudar na Rússia, estão há nove meses sem receber os 1.200 dólares previstos mensalmente como bolsa de estudo, valor a ser pago pelo Governo angolano que, no corrente mês, efectuou apenas um pagamento que diz respeito a Janeiro. Bolseiros temem que a situação não se resolva este ano.
Sob anonimato, os cadetes bolseiros das FAA, que estudam há três anos no País de Vladimir Putin, contaram ao NJOnline que estão a viver, nos últimos dias, "uma verdadeira catástrofe".
"Deviam-nos dez meses. Na semana passada, apenas pagaram um, referente a Janeiro, e não sabemos quando é que serão pagos os outros meses. Se calhar, só vão atender-nos quando os bolseiros começarem a morrer de fome ou de doenças provocadas pela má alimentação porque aqui a situação é extrema", explicaram.
Segundo contam os bolseiros, alguns estudantes da Academia Militar russa estão a ser expulsos das residências onde vivem.
"Alguns estudantes da Academias Militar estão a ser expulsos de forma humilhantes por não pagarem a renda, outros estão a ser acolhidos por angolanos, amigos, em jeito de solidariedade", esclareceram os visados.
"Estamos a sofrer aqui na Rússia, muitos de nós somos obrigados a trabalhar à noite, em restaurantes, em troca de alimentos. Dizem-nos que não há divisas, mas o País teve divisas para comprar os Lexus de luxo", disse um dos cadetes, enfurecido.
Os estudantes militares na Rússia contaram ao NJOline que já escreveram ao ministro da Defesa Nacional, Salviano de Jesus Sequeira, e ao chefe do Estado-Maior General das FAA, António Egídio de Sousa Santos, uma carta onde espelham a situação precária que estão a viver com a falta da bolsa a que têm direito.
Sobre o não pagamento das bolsas das FAA na Rússia, o chefe do Estado-Maior General das FAA, António Egídio de Sousa Santos, disse, em entrevista ao Jornal de Angola, no princípio deste mês, que o problema dos cadetes angolanos na Rússia está a ser regularizada com o pagamento faseado dos complementos de bolsa, situação que os visados desmentem, informando que apenas foi paga uma prestação referente a Janeiro.
António Egídio de Sousa Santos disse também, na mesma entrevista, que "de facto, houve alguns problemas organizacionais e outros de tesouraria", mas "felizmente, o problema está a ser resolvido de forma gradual".
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